A falta de língua escrita torna o período de população exclusivamente indígena a pré-história do Brasil, quando tudo aqui era compartilhado entre os integrantes de cada tribo.
Isso mudou logo após o “descobrimento”, pelos portugueses. Encontrar estas terras habitadas apenas por “seres inferiores” automaticamente os converteram em donos, sem o menor constrangimento, exceto pela nudez dos seus verdadeiros donos.
Indefesos, a língua e a cultura portuguesa foi imposta aos nativos sobreviventes das conquistas, bem como aos novos imigrantes forçados, vindo da África.
Da mistura das raças nasceu um povo cujo passado foram obrigados a esquecer: os brasileiros.
Pouca gente sabia o que significava ter poder por aqui... justamente os que exploravam ao extremo os recursos naturais às custas do suor alheio. E hoje?
As capitanias hereditárias deixaram a cultura dos coronéis, donos da terra, que tudo podiam e nada sofriam, sucedidas pelo Governo Geral, até a vinda da família real portuguesa, em 1808, tornando-se um reino unido com Portugal.
O Império do Brasil surgiu em 1822, com a proclamação da independência por Dom Pedro I, que reinou apenas até 1831, quando abdicou do trono e o passou para seu filho, com apenas cinco anos, que dez anos depois teve sua maioridade declarada e foi coroado como Dom Pedro II.
Esta, a última monarquia das Américas, foi deposta em 1889, um ano após a abolição da escravatura, por um golpe militar que instituiu a República. Ocorreram então diversos conflitos internos, controlados à força pelo governo. O conflito mais emblemático foi o de Canudos.
Em 1930, um novo golpe militar dá início à Era Vargas, que durou até o final da segunda guerra mundial, quando foi obrigado a renunciar pelas forças armadas, num novo golpe militar velado.
Em 1945 inicia-se, então, a República Nova, vigente até o próximo e último golpe militar, em 1964: a Ditadura.
O Regime Militar se enfraqueceu por problemas econômicos e permitiu o lento restabelecimento da democracia, marcada pela eleição indireta de um presidente civil, que morreu sem assumir em 1985, deixando a vaga para seu vice. Nesse período a atual constituição foi promulgada, em 1988.
O primeiro presidente eleito pelo voto direto após o regime militar sofreu um processo de cassação por corrupção, tendo seu mandato concluído pelo vice.
Tudo isso pra dizer que em nenhum momento, desde o cobrimento pelos portugueses, a população nunca teve a oportunidade de interferir diretamente na gestão pública e definir os seus controles e limites, pois sempre foram apresentados previamente engessados por leis e burocracias históricas, anacrônicas às necessidades da sua população e do seu território.
Por esse motivo não existe qualquer vínculo emocional entre os brasileiros e suas datas cívicas, que nada mais foram que protocolos estranhos à participação popular. Quem aí hasteou a bandeira nacional no feriado da independência? E no da proclamação da república?
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